Mundialmente, as travestis e mulheres transexuais convivem com situações extremas
de vulnerabilidade, particularmente no cenário brasileiro, em que o grupo é altamente
estigmatizado. O Brasil ocupa o primeiro lugar em todo o mundo em homicídios contra pessoas
trans. Apesar da extrema vulnerabilidade, são escassos os estudos sobre os registros de
violência e óbitos. As poucas estatísticas produzidas se sustentam a partir de voluntários
que coletam informações em notícias de jornais e em prontuários de hospitais sensíveis ao tema.
Ao examinar a sobreposição entre a orientação sexual e a identidade de gênero essa a lacuna
do conhecimento é ainda mais dramática. Não existem estimativas baseadas em sistemas de
informações populacionais. A presente proposta pretende investigar a hipótese que mulheres
trans não-heterossexuais tem maior probabilidade de morrer (por todas as causas e por causas
violentas) que os demais grupos de mulheres e, mesmo sendo vítimas de violência,
tem menor probabilidade de detecção pelos serviços de saúde. Pelos motivos expostos,
a hipótese que a conjugação desses fatores impute riscos ainda pouco reconhecidos
pela comunidade acadêmica parece ser plausível.
Utilizando dados das coortes de mulheres
(travestis e trans) do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas e os sistemas de
notificação de violências e de mortalidade, será realizado um relacionamento de bancos de
dados que permita examinar a hipótese central do estudo. Ao realizar o processo de
relacionamento por técnica de linkage probabilístico será possível reconhecer os efeitos
da identidade de gênero e orientação sexual sobre a mortalidade e fatores relacionados
aos registros, bem como desenvolver metodologias incorporáveis aos serviços de vigilância em
saúde do país. Com isso, a presente proposta poderá apoiar a formulação de políticas públicas
para o enfrentamento da violência de gênero.
Palavas-chave: Pessoas transgênero; Comportamento sexual; Violência; Mortalidade; Avaliação em saúde
Unidade Acadêmica: Faculdade de Enfermagem
Pesquisador Responsável: Ricardo de Mattos Russo Rafael
Contato: (21) 96898-2605